quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Agências espaciais preocupadas com pegada ecológica

Entidades apelam a políticas energéticas amigas do ambiente





















(Ciência Hoje - Portugal) As missões espaciais inspiram o movimento mundial de defesa do ambiente, ao mostrar a fragilidade do nosso planeta, visto lá de cima. A estreita relação entre o espaço e o ambiente foi realçada durante Workshop Internacional para o Ambiente e a Energia Alternativa de 2011 – uma organização da NASA e do Centro para a Prevenção da Poluição, com sede em Lisboa –, que decorreu no principal centro técnico da Agência Espacial Europeia (ESA), em Noordwijk, na Holanda.

A iniciativa reuniu 116 participantes de 11 países, com investigadores, engenheiros, advogados e estudantes e foi uma oportunidade para exibir tecnologias inovadoras de prevenção da poluição e de produção de energia renovável e para a partilha de experiências – com foco na pegada ecológica da própria indústria espacial.

Franco Ongaro, director técnico e da Gestão da Qualidade e Responsável do ESTEC, elogiou a utilização de cem por cento de electricidade verde no edifício. E notou que diferentes missões da indústria espacial desempenharam um papel importante na implementação de tecnologias para o desenvolvimento sustentável, incluindo painéis solares e pilhas de hidrogénio.

“Relativamente aos satélites, temos de garantir que as próximas gerações continuem a usar órbitas terrestres baixas, garantindo uma produção cada vez menor de lixo orbital e encontrando formas de limpar o espaço. Isto quer dizer que no solo temos de garantir que os produtos e os processos utilizados são mais amigos do ambiente possível”, acrescentou.

Ongaro explicou que estava em preparação uma nova iniciativa designada Clean Space para analisar o impacto ambiental das actividades da agência. Em comparação com a indústria automóvel, o espaço é uma indústria de baixo volume, no entanto os seus efeitos são sentidos no mesmo planeta. Nova legislação ambiental e um aumento da preocupação dos clientes e parceiros significa que este escrutínio é inevitável – mas, independentemente disto, é também a atitude certa.

A ESA já se está a preparar para a implementação da regulação industrial de registo químico – REACH – da Comissão Europeia e que poderá significar o fim da utilização de muitos produtos standard, dos propelentes aos solventes. A agência espacial, em parceria com outras, está a procurar alternativas amigas do ambiente, ainda antes de a regulação entrar em vigor.

A Terra vista do espaço
O astronauta veterano Christer Fuglesang, actualmente responsável pelas actividades científicas dos Voos Tripulados da ESA, recordou a sua própria experiência ao olhar para a Terra vista do espaço: durante o dia, havia poucos sinais de povoamento, mas à noite as luzes das cidades eram uma evidência clara da presença do homem na Terra – sete mil milhões e sempre a subir.

Fuglesang mostrou ter esperança de que as novas tecnologias em desenvolvimento para o espaço – tais como o MELISSA (Micro-Ecological Life Support Alternative) – um sistema de suporte à vida baseado na reciclagem poderia ser utilizado também em ambientes terrestres.

Ao longo da semana, estudantes, empresários e institutos de investigação tiveram a oportunidade de participar. O Instituto Alemão para a Energia Solar Fraunhofer sublinhou o seu recorde mundial de 41,1 por cento em eficiência solar e o seu trabalho na construção de ‘casas de energia zero’, quer na Alemanha quer na Coreia do Sul. Também foram consultores no projecto de Masdar City, em Abu Dhabi, com zero emissões de carbono.

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