terça-feira, 20 de setembro de 2011

Britânicos contestam degelo de 15% na Groenlândia defendido por atlas

Publicação é de autoria da Times Books, editora da News Corporation. Contestadores acreditam que redução no gelo da ilha foi de apenas 1%.



Mapa do Times Atlas (à esquerda) mostra regiões litorâneas descobertas, como se não tivessem gelo, informação desmentida por imagens de satélites da Nasa (à direita). (Foto: Daily Telegraph / Reprodução)


(Daily Telegraph / The Guardian / BBC / G1) Cientistas britânicos desmentiram um atlas elaborado pela Times Books, editora da News Corporation, que mostra uma redução de 15% no gelo que cobre a ilha da Groenlândia, no hemisfério norte da Terra, nos últimos 12 anos. O grupo do instituto de pesquisa Scott Polar, da Universidade de Cambridge, acredita que o degelo foi de apenas 1% para o mesmo período.

Os pesquisadores usam como base dados de satélite coletados recentemente, que mostram como existe gelo permanente em áreas litorâneas que o atlas apresenta como "livres de gelo".

A 13ª edição do atlas foi impressa com a informação de que 15% do gelo da Groenlândia desapareceu nos últimos 12 anos. A nova versão da publicação foi atualizada para dar conta das alterações no mundo por conta do aquecimento global. A edição anterior era de 2007.

Os cientistas de Cambridge afirmam que não existe evidência científica na literatura sobre o assunto para apoiar a afirmação feita pelo atlas. Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é de que os cartógrafos responsáveis pela publicação teriam interpretado de maneira errada dados sobre a elevação da cobertura de gelo na ilha. Eles teriam considerado como livres de gelo algumas áreas abaixo de um certo patamar de altitude.

Apesar de desmentir o atlas, os cientistas alertam que a ameaça do aquecimento global é real, mesmo que glaciares sejam reduzidos a uma taxa muito menor do que as expressa na publicação - 0,2% por ano ao invés de 1,5%.

Um porta-voz da publicação - que não pertence diretamente ao jornal britânico The Times - disse que os dados do atlas foram baseados em informações fornecidas pelo Centro de Gelo e Neve norte-americano (NSIDC, na sigla em inglês), órgão do governo dos Estados Unidos responsável por monitorar o degelo em muitas regiões do globo.
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